Se você pensou que um álbum puxado por Get on your boots só podia ser fraquinho, enganou-se, como eu. No line on the horizon, o novo do U2, é ótimo! Só que não é muito comercial. Não é como All that you can’t leave behind, disco em que todas as músicas eram hits em potencial. Pelo contrário: poucas canções novas deverão fazer bonito nas rádios, o que provavelmente vai acontecer com Magnificent e I’ll go crazy if I don’t go crazy tonight. Get on your boots é a mais vendável de todas e a que mais se parece com o U2 dos últimos tempos, o que justifica sua escolha como faixa de trabalho. Mas essa música não é isso tudo, ao contrário de quase todas as outras da nova safra. Daí a má impressão que ficou.
Em No line on the horizon, o U2 continua soando como U2, principalmente o dos sucessos de Achtung baby e o dos não-sucessos de The joshua tree. No entanto, a banda deixou de lado, desta vez, a preocupação comercial e a pretensão. Eles não estão interessados agora em ser midas do pop. São apenas grandes músicos exercitando sua maturidade e tentando fugir do porto seguro.
Mas isso não significa que o álbum é dos mais ousados. Não é. Há ousadias em quase todas as faixas, sim, mas sutis. São experimentações discretas e dosadas aqui e ali, como o uso de instrumentos orientais, um rápido tecladinho oitentista na excelente Magnificent, o refrão em coro de Unknown caller, a longa introdução de Moment of surrender, o vocal meio Lou Reed de Cedars of Lebanon, a sensualidade sombria e gritada de No line on the horizon, a virada repentina na introdução de Fez – being born e algumas tentativas ligeiras de cada integrante soar diferente do habitual. Ainda assim, você reconheceria que se trata do U2 mesmo que não houvesse a voz de Bono nas canções.
Com uma sonoridade mais densa, atmosférica e sensual, No line on the horizon é para ser ouvido de cabo a rabo, muitas vezes, mas apenas por sua qualidade, pois ele nunca será uma coleção de hits.
Melhor faixa: Magnificent
Faixa menos boa: White as snow
Melhor verso: “Choose your enemies carefully, ‘cos they will define you” (Cedars of Lebanon)
Um porém: As letras da banda já foram melhores. Não que estas novas não sejam boas…