Há pelo menos dois bons motivos para se assistir a Foi apenas um sonho (Revolutionary Road, 2008), novo filme de Sam Mendes:
1) O roteiro, adaptado de um romance de Richard Yates, tem diálogos ricos e tão verossímeis que fazem o espectador pensar em o que está fazendo de sua própria vida. São quase duas horas de DR, é verdade, o que talvez chateie algumas pessoas (não recomendo que casais em crise vejam o filme juntos). Mas o texto é preciso, alternando momentos de grande delicadeza com outros de uma crueza de dar pena dos personagens.
2) As atuações de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet são ótimas. Eles são bons atores desde sempre e conquistaram o estrelado com Titanic, há 11 anos. Mas agora eles estão afiados como nunca. Como a história é sobre a relação desgastada de um casal, algo tão familiar a todo mundo, talvez o filme fosse chato se os atores não tivessem atuações acima da média. Ambos estão igualmente bem. Chega a ser injusto que apenas Kate Winslet tenha sido indicada ao Oscar (por outro filme, The reader). DiCaprio merecia mais que Brad Pitt, indicado por O curioso caso de Benjamin Button.
Dado interessante: ao localizar a trama nos EUA dos 50, Sam Mendes torna ainda mais clara a mediocridade da vida em família que o casal principal leva. Afinal de contas, aquela foi a época áurea e mais emblemática do sonho americano, dos maridos bem-sucedidos, esposas exemplares e crianças felizes, sem nada fora do lugar. Ser infeliz num contexto como esse é ainda mais triste.
não entendi como a indicação de winslet não foi por esse filme, ela está irretocável… pretendo conferir the reader ainda essa semana.
Ih, Eduardo… Eu tinha esquecido que a indicação da Kate era por The reader, não por Foi apenas um sonho! Obrigado por lembrar, corrigi no post e acrescentei mais um detalhe.
Desde já um dos melhores filmes do ano!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
É memosh!
Excelente, mesmo. Tb disse algo semelhante no meu blog. Casais em crise não podem ver isso juntos! Ou devem, ne?
Avante!;)
É verdade… Talvez devessem ver juntos mesmo. Taí!
É uma ironia atrás da outra. Ironia principal: que a rua suburbana em que April e Frank vivem seja chamada de Via Revolucionária (título original do filme).
Filme bem feito e muito incômodo. Winslet e DiCaprio estão excelentes e, de fato, casais casados há longo tempo, que desistiram de muita coisa ao longo do tédio e da paradeira e da mediocridade diária da vida conjugal, não podem ver o filme ou olharão um para o outro e começarão a ter urticária nervosa.
Sam Mendes é um diretor excelente para mexer em vespeiros sociais, desde “Beleza americana”. Aquelas casinhas brancas, com gramados verdinhos e lindas crianças sadias brincando com esguichos, esconderam sempre enormes desilusões e atrozes solidões, ainda mais nos anos 50…
Winslet está bem melhor neste filme que em “O leitor”, onde ela é quase a única coisa que o filme oferece.